Reflexões da ONU Mulheres Brasil em São Paulo

Durante décadas, as organizações sociais e os governos de todo o mundo têm se concentrado em capacitar as mulheres, ajudando-as a acessar lugares antes restritos aos homens.

Para muitos observadores, os direitos das mulheres e as oportunidades profissionais para elas avançaram tremendamente. Mais empresas e negócios de maioria feminina entraram no centro das atenções e empreendedores bem-sucedidos chegaram ao ponto de lançar seus próprios fundos para aumentar o investimento em mulheres.

Mas para o restante de nós, que estamos nessa luta há décadas, ainda há muito desequilíbrio e injustiça em jogo. Esse foi o foco da conversa no evento da ONU Mulheres em São Paulo, Brasil.

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ONU Mulheres Brasil: Promoção de financiamento inovador por meio de investimento inteligente com uma abordagem de gênero

Durante todo o painel e nas perguntas e respostas que se seguiram, a conversa pareceu se concentrar principalmente nas seguintes perguntas.

  • Por que, apesar de tantas evidências, as mulheres ainda se sentem incompreendidas pelos bancos tradicionais e seus instrumentos financeiros?

  • Por que as mulheres ainda enfrentam tantas barreiras, como discriminação e preconceito, quando se trata de acessar recursos?

  • Quais são as barreiras culturais que atrapalham as mulheres quando se trata de empreendedorismo e investimento?

  • Por que os investidores que usam um critério de gênero têm dificuldade para captar recursos para seus fundos?

Os presentes, quase em uníssono, afirmaram que precisamos parar de discutir gênero como "caridade", "como um "problema", como uma "barreira" e como um "nicho". Em vez disso, quando falamos sobre direitos de gênero, devemos enfatizar os resultados das histórias de sucesso e todas as métricas relacionadas aos investimentos em mulheres e empresas lideradas por mulheres que aumentaram nos últimos anos. Isso centraliza a conversa sobre como expandi-los. Por exemplo, como a educação financeira e o acesso à moradia econômica entre as mulheres criam um impacto intergeracional.

Mudando a narrativa

Precisamos abordar o tema sob a perspectiva da riqueza e não da pobreza; a solução e não o problema. Precisamos ver as mulheres como clientes e parceiras, e não como beneficiárias. Ao posicionar esses casos como negócios e não como caridade, obteremos resultados ainda melhores e mais ágeis.

As mulheres, por sua vez, sejam elas empreendedoras, investidoras, mentoras, gerentes, engenheiras ou cientistas, devem se unir e fortalecer suas redes para o bem de seus negócios. O mundo precisa de mais mulheres apoiando mulheres em todos os lugares. Como sociedade, falhamos muito ao acreditar em alguns mitos históricos, como o de que não se pode confiar nas mulheres, de que é difícil lidar com elas, de que não há mulheres no setor financeiro, de que não há mulheres para a diretoria (justificando a maioria das diretorias masculinas), e não encontramos mulheres especialistas nesse assunto para o nosso evento.

Criando um futuro por meio da colaboração

Em 2019, o site NESsT começou a trabalhar com seu Portfólio Global de Empresas Sociais e Ambientais Investidas para mapear inicialmente a situação de gênero entre os empreendedores, suas equipes e seus beneficiários, para que possamos ter um plano de ação para melhorias que visem maior equidade. Nosso objetivo é influenciá-los positivamente na agenda de gênero para que eles também melhorem seus outros indicadores: impacto social, desempenho e lucratividade. No futuro, analisaremos a questão de gênero em nossa seleção de negócios de investimento.

Organizações como a ONU Mulheres têm trabalhado arduamente para encontrar e promover instrumentos financeiros voltados para as mulheres, bem como ferramentas de referência para que investidores como NESsT refinem sua abordagem para um mundo mais equitativo.