Na semana passada, passei quatro dias incríveis em Varsóvia. Não é sempre que sinto que cada dia da semana representou um avanço no desenvolvimento de um setor empresarial social próspero na região.
Esses quatro dias refletiram mais uma vez o que todos nós deveríamos aceitar no final das contas. Por meio de esforços informados e colaborativos, podemos acelerar o desenvolvimento de empresas de alto impacto que estejam mais bem posicionadas para solucionar a exclusão e o desemprego.
Lançamento da Força-Tarefa
Nos dias 1 e 2, tive a honra de trabalhar com 20 líderes da região para identificar os objetivos e a plataforma da recém-lançada Força-Tarefa de Investimento Social da Europa Central e do Sul. A Força-Tarefa tem o objetivo de trazer mais e melhor capital para criar mais e melhores empresas voltadas para o investimento social. NESsT apresentou a ideia de criar a Força-Tarefa na conferência anual da European Venture Philanthropy Association (EVPA), em Paris, em novembro passado. A EVPA aceitou a ideia e tem trabalhado conosco para desenvolver a Força-Tarefa para a região, patrocinando a reunião oficial de lançamento em Varsóvia.
Reunião da Força-Tarefa da CEE (Foto: Cortesia do Impact Hub Zagreb)
Quando o grupo se reuniu em Varsóvia para discutir as prioridades, chegamos a uma visão compartilhada para uma estratégia de dois anos que inclui:
- O mapeamento das principais partes interessadas e atividades do setor para que possamos aproveitar os sucessos e preencher as lacunas.
- Um relatório de impacto a ser lançado no próximo ano que fornece a linha de base sobre o escopo do setor e histórias do que já está acontecendo.
- Co-investimentos entre o pequeno grupo de investidores na região e um acordo para trabalhar com financiadores e investidores, incluindo a Comissão Europeia, na criação de mais e melhores instrumentos financeiros e suporte de capacidade personalizado para empresas.
- Compartilhamento de conhecimento e práticas recomendadas com o Global Steering Group (GSG), cujo mandato é ajudar a fortalecer o movimento global e garantir que estejamos aproveitando as experiências uns dos outros.
Na reunião, contamos com a presença de Sebastian Welisiejko e Jane Newman, do GSG, que ajudaram a facilitar as discussões e forneceram sua experiência em ajudar a desenvolver outras forças-tarefa em todo o mundo. Além da EVPA e da NESsT, as organizações presentes incluíam: a Academy for Philanthropy Development (nossos generosos anfitriões), Bcause Bulgaria, CEED Macedonia, Dokikino Serbia, Erste Social Banking, a Comissão Europeia, GSEN, Impact HUB (Viena e Zagreb), Mozaic, TISE e Yunus Social Business.
Visita ao local de Siedlisko
No terceiro dia, tive o prazer de viajar com meus colegas para visitar uma das empresas de nosso portfólio, localizada em Kolonowskie, três horas ao sul de Varsóvia. Siedlisko administra uma casa de repouso para idosos e doentes crônicos que conta com 30 jovens com deficiências e desempregados de longa duração.
Enquanto caminhávamos pelo prédio remodelado e com energia de sobra, testemunhamos algumas cenas fortes de jovens ajudando e interagindo com os idosos do centro. Esses jovens viveram em instituições durante toda a vida, com pouca esperança de conseguir algum tipo de trabalho. O orgulho que expressaram ao cumprir suas responsabilidades falou mais alto. Nós os vimos ajudando a levantar os residentes de suas camas e preparando-os para a refeição do meio-dia. Outros estavam se certificando de que os quartos dos residentes estavam limpos e confortáveis. Aqueles que trabalham na área de bufê da empresa, que usa o tempo ocioso da cozinha para preparar e vender refeições saudáveis para os hospitais e escolas da região, orgulhosamente lavavam e descascavam legumes, limpavam e organizavam a cozinha para a próxima rodada de refeições.
Funcionários Siedlisko
A equipe de empreendedoras dinâmicas que fundou Siedlisko, Teresa Truch e Joanna Pietrzela, explicou que os funcionários aprendiam rápido e eram capazes de assumir tarefas e níveis de resultados mais complicados. Teresa compartilhou que a empresa aumentou as vendas e cortou bastante os custos e, como resultado, atingiu o ponto de equilíbrio neste trimestre. Ela também está no caminho certo para pagar seus empréstimos Tise pendentes e recentemente refinanciados, contraídos para a compra e a reforma do prédio. Os empréstimos são mais amigáveis, com períodos de pagamento mais longos e taxas de juros mais baixas. Isso ocorre dois anos depois que eles entraram em nosso portfólio e foram lançados com o investimento da NEST.
Teresa Truch (à esquerda) e Joanna Pietrzela (à direita), cofundadoras Siedlisko
Agora que alcançou uma situação mais estável, a empresa está planejando expandir a infraestrutura do centro para adicionar uma sala comum e mais cinco leitos para os residentes da casa de repouso. A empresa também lançará um serviço para fornecer atendimento interno nos finais de semana para os idosos que moram nas áreas vizinhas para complementar o serviço semanal fornecido pelo governo. Isso permitirá que a empresa amplie seus serviços sem ter que investir em infraestrutura adicional. Quando esses investimentos forem concluídos, Siedlisko empregará 50 pessoas em situação de risco. Os funcionários do Centro ganham o que é considerado um salário digno para a Polônia, o suficiente para viver de forma independente. Em geral, eles preferem ficar no Siedlisko após o término de seu dia de trabalho, onde o ambiente é acolhedor e receptivo. Os sonhos de Teresa e Joanna vão além do emprego digno. Na próxima fase da empresa, Siedlisko está planejando desenvolver moradias a preços acessíveis para os jovens, para que eles possam deixar a instituição estatal escondida na floresta, longe da vista da maioria dos poloneses, para um lar que possam chamar de seu.
Instalação de Siedlisko
Mesa redonda de portfólio
O quarto dia proporcionou uma visão mais sistêmica de como ampliar e construir muitos outros Siedliskos no país. Realizamos a terceira e última de uma série de mesas-redondas em Varsóvia com foco no NESsT Empowers, um programa que se concentra em investir e apoiar empresas que preparam jovens e mulheres em situação de risco para trabalhar em setores de alto crescimento nos países em que trabalhamos. Na Polônia, o programa concentrou-se no setor de TI/BPO, um setor que está crescendo muito rapidamente e mostra a promessa de poder absorver milhares de candidatos para cargos de nível básico nos próximos anos. A urgência se reflete nos 20% de jovens desempregados, nos 18% que não estão empregados, nem em educação ou treinamento (NEET) e na desigualdade salarial de 19% entre homens e mulheres.
NESsT publicou um estudo aprofundado do setor, fornecendo uma avaliação do número de empregos e dos tipos de habilidades necessárias. Por meio de um rigoroso processo de due diligence, selecionamos duas empresas de alto impacto, Coders Lab e Dimpact, para treinar e preparar indivíduos vulneráveis para carreiras de longo prazo no setor.
Depois de apresentar o estudo na mesa redonda, dividimo-nos em grupos nos quais ambas as empresas tiveram a oportunidade de discutir sua proposta de valor com empregadores e recrutadores e receber feedback sobre se eles aceitariam seus clientes treinados (mulheres e jovens em situação de risco) para trabalhar.
Sentei-me em um grupo com representantes do Coders Lab, da Hays (empresa de recrutamento global) e do Escritório de Trabalho de Varsóvia. Em menos de uma hora, essas três organizações forneceram umas às outras informações extremamente pertinentes sobre como poderiam se ajudar mutuamente. A empresa social tem um histórico de preparação de programadores para trabalhos de front-end e back-end e agora está incorporando indivíduos em situação de risco ao seu modelo. Mais de 80% das pessoas treinadas pelo Coders Lab conseguem emprego. Os recrutadores confirmaram que há uma enorme necessidade de candidatos bem treinados e que reconhecem a necessidade de trabalhar com outros provedores, como a Coders Lab, para poder atender à demanda do mercado. O representante do governo de Varsóvia, que realiza treinamentos para desempregados, verificou que seria capaz de fornecer apoio aos candidatos em situação de risco que se inscrevessem nos treinamentos da Coder Lab, além de oferecer um salário de um ano para que eles trabalhassem em diferentes empresas de TI/BPO. À medida que cada grupo aprendia mais sobre o outro, ficou claro que tínhamos uma situação de ganho mútuo e que eles estavam conhecendo essas oportunidades pela primeira vez.
Um encontro semelhante ocorreu na mesa redonda paralela com a Dimpact, uma empresa social que oferece treinamentos de alta qualidade para cargos necessários ao setor em sua plataforma on-line. Seu primeiro grupo será para treinar contadores juniores. O Paribas, o empregador na mesa, confirmou que o setor precisa de 2.000 contadores juniores por ano e acredita que as empresas na Polônia estariam dispostas a pagar uma taxa para ter candidatos bem treinados para preencher esses cargos. A pesquisa mostrou que o foco nas habilidades interpessoais e na capacidade de jovens e mulheres em situação de risco de lidar com o ambiente de trabalho era tão importante, se não mais, do que as habilidades técnicas reais necessárias para o trabalho. O setor confirmou que esses empregos de nível básico podem ser aprendidos no trabalho e que a disposição para fazê-lo era o fator mais importante para o sucesso.
Esses quatro dias em Varsóvia refletiram mais uma vez o que todos nós deveríamos aceitar em última instância. Por meio de esforços informados e colaborativos, podemos acelerar o desenvolvimento de empresas de alto impacto que estão extremamente bem posicionadas para resolver os desafios críticos da exclusão e do desemprego.
Seja concentrando-se na criação de um movimento com um grupo de colegas, como os envolvidos na Força-Tarefa de Investimento Social, apoiando uma empresa social que está trabalhando arduamente para provar seu modelo de emprego sustentável para os grupos mais vulneráveis do país, ou reunindo um grupo de atores focados no setor que tentam abordar as lacunas de habilidades e o alto índice de desemprego no país, o fato é que esses esforços estão funcionando.
Ao desenvolver o setor de investimentos com líderes da região, haverá mais capital adequado para apoiar empresas prontas para investimento, como Siedlisko. Ao apoiar investidores de impacto em estágio inicial, como NESsT , capazes de identificar empresas sólidas com potencial de crescimento, a Siedlisko será fortalecida e estará pronta para receber esse capital. E, ao trabalhar com corporações e recrutadores, empresas sociais como a Coders Lab e a Dimpact terão mais condições de treinar e preparar indivíduos poloneses em situação de risco para carreiras em setores de alto crescimento.
Não vamos perder mais tempo tentando encontrar uma solução. As soluções estão aí. Só precisamos adotá-las.